Bertioga, SP – Rio Jaguareguava
Já se passavam mais de dois anos desde a nossa última visita ao rio Jaguareguava. A ideia de voltar para lá se intensificou muito depois da última viagem. Isso porque em Paraty, infelizmente, as águas estavam um pouco turvas e não foi possível um bom passeio de observação com máscara e snorkel.
Aproveitando as férias, Alexandre e Gustavo decidiram agrupar algumas crianças da família. Dentre elas, havia o experiente Yago, que já havia participado de outras expedições; havia os recém-iniciados Giulia e Igor, que experimentaram o caiaque 10 dias antes, em Paraty; e o iniciante Gabriel, que experimentaria o esporte pela primeira vez. Outro membro da família “em espírito”, o Rodrigo, também se uniria ao grupo, aproveitando sua última semana de férias. Destaque para quem ele trouxe consigo: a mãe Dulce e o filho Lorenzo, de apenas DOIS anos, o nosso mascote. Assim, formou-se o grupo de 9 pessoas que “revisitou o aquário”.
A parte da manhã foi um vai e vem danado, a fim de reunir e preparar equipamentos para todos. Um marmitex rápido na casa da Dona Sonia (sempre sobra para ela…) e todos partem para o litoral, com destino a uma marina próxima da ponte sobre o rio Itapanhaú. Nessa marina, as crianças “mais experientes” são colocadas na água primeiro, e logo em seguida o Gabriel entra para experimentar. Mas nem vale o termo “experimentar”, pois ele entrou já dominando o equipamento. Aí percebemos que esse negócio de canoagem não tem restrições de nenhum tipo, muito menos de idade. O que importa é senso de direção e coordenação motora. Mas todos conseguem, basta força de vontade. Após as crianças estarem embarcadas, os adultos caem na água e vamos subir o rio! Do Itapanhaú ao Jaguareguava!
Na subida do rio, um atalho escolhido para cortar o caminho apresenta um imprevisto: águas muito rasas! Com a descida da maré, os caiaques quase encalhavam e as pás do remo eram retiradas da água completamente enlameadas. Um pouquinho de força a mais e todos passam o atalho, aproveitando o momento no mangue para apreciar a riqueza de fauna (muitas aves e caranguejos) presentes na área.
A vegetação começa a mudar, pois estamos saindo da área de mangue do rio Itapanhaú e adentrando a área de Mata Atlântica do rio Jaguareguava. A mudança de ambiente não é apenas na área verde, pois as águas, a cada metro subido, se tornam mais límpidas. As águas rasas (pouco mais de um metro de profundidade), cristalinas e geladas, e o fundo de areia geram o inevitável: alguém pula na água para se refrescar. E como ninguém fica contente quando está sozinho, é necessário “incentivar” os outros a se refrescarem. É claro que para uns o refresco foi um tanto “obrigatório”. Brincadeiras em família, momentos especiais. Aliás, creio que todos estavam ansiosos pelo banho. Houve até quem se jogasse na água muito antes: o Igor, lá atrás, no mangue, nem avisou e se jogou. Além dele, durante toda a subida houve uma festa para ver “quem conseguia molhar mais o outro”.
Apesar da diversão, o ponto de refresco não era o destino final. Ali, as águas ainda estavam um pouco paradas, e buscávamos um ponto mais alto, onde a correnteza tornasse as águas bem mais cristalinas. Todos a bordo e força nos remos! Subimos até uma bifurcação, que é na verdade um afluente que se une ao Jaguareguava. Lá, pausa para fotografar, comemorar e confraternizar, mas o passeio ainda não estava no fim. Deveríamos descer um pouco de volta, pois havíamos acabado de passar por uma curva onde há um poço com mais de dois metros de profundidade.
Ancorados na curva, frente ao poço, os adultos começam a instruir as crianças, pois muitos nunca utilizaram máscara e snorkel. Esse local escolhido tem, de um lado, uma praia de areia, e do outro, um poço com mais de dois metros de profundidade, ambiente perfeito para iniciação no snorkeling. Houve quem não quisesse mais tirar a máscara. Uma grande alegria para nós ao notarmos esse encantamento, pois é um lugar que consideramos especial, e ficamos felizes quando nossos entes queridos compartilham desses momentos. Adultos e crianças estão na água, e como há sempre um “peixinho” no grupo, aqueles mais à vontade resolvem se livrar dos coletes salva-vidas para mergulhar até o fundo do poço. Houve até quem fizesse pose lá embaixo! Cena inesquecível, obrigado Rodrigão!
Imersos na diversão, não percebemos a hora passar: são 18h30! Trovoadas e mudança de tempo surgindo! Vamos recolher os equipamentos, levar imagens nas fotos e na memória! Força no braço durante os 4 km de volta! Cansados, alegres e famintos descemos o rio. Nesta descida, houve quem não aguentasse os braços e pedisse reboque: estamos aí para o que for necessário. O engraçado é ouvir o rebocado tirar barato de quem estava cansado, porém ainda remando sozinho. Não bastasse isso, outra pessoa, que estava só tirando fotos e nem remo segurava, debochava do rebocado que por sua vez debochava do cansado! Coisas de família! Momentos engraçados com a piada do dia!
No caminho de volta somos abençoados com a maré cheia e assim não “atolamos” no atalho da ida. Logo avistamos a ponte e sabemos que estamos próximos da base. Ao chegar, o mais aguardado: o lanche que estava nos carros! Estavam todos desesperadamente famintos! A cena do Lorenzo (o mascote) pegando os lanches foi marcante! O garoto não parava de comer, e não entendemos para onde ia tanto lanche! E coitadinho dele: nem chorou, nem reclamou, nem deu trabalho! Ou melhor, chorou um pouco na ida, pois quando a avó Dulce queria remar, ele resmungava, pois era ele quem queria segurar o remo. Teremos aí um grande remador no futuro? Mas que avó chata! (risos) Nem deixou o garoto brincar…
Após o lanche, um mutirão onde todos carregam e guardam equipamentos! Está na hora de voltar para casa. A sensação de um passeio bem sucedido preenche todas as pessoas, e quando isto é feito em família e com amigos, é impossível descrever. Paraty dez dias atrás, hoje o Jaguareguava, dois bons grupos reunidos, o ano está começando muito bem… o que será que virá pela frente?
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