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Expedições

Expedição Atacama

Chile, Região de Arica e Parinacota, Lago Chungará

Remar no lago Chungará a 4500 m de altitude, vislumbrando ao fundo o vulcão Parinacota, que atinge os 6000 m de altitude. Um visual magnífico que trazia alguns desafios: o ar rarefeito, o pouco oxigênio e as águas gélidas e cristalinas do lago… Mas havia outro desafio que não imaginamos: aquele tipo de incursão era proibida…

Por Alexandre Ricardo Alves

É muito difícil sintetizar em um texto breve tudo o que ocorreu nessa expedição: uma das mais grandiosas realizadas pela RA Canoagem. Alguns se interessam por minúcias do que ocorreu na viagem, enquanto outros querem apenas apreciar as imagens. Para o primeiro grupo, peço um pouco mais de paciência, pois neste momento publicamos apenas um resumo. Posteriormente, disponibilizaremos um “diário de bordo”, com detalhes dos acontecimentos de nossa 2ª remada em águas internacionais.

Depois do sucesso da expedição “Cordilheira dos Andes”, eu estava em casa, procurando por algum lago em regiões de elevada altitude. Utilizando o Google Earth, ao passar pela área norte do Chile, encontrei algumas fotos do Lago Chungará, que está às margens do Vulcão Parinacota. O encanto foi imediato, e naquele mesmo instante, bastou uma ligação para o Rodrigo (o então parceiro de aventuras) para que decretássemos o destino de nossa próxima viagem internacional!

Foi necessário um ano de planejamento para essa viagem. A região de Arica foge dos roteiros turísticos comuns, e por isso as poucas informações de que dispúnhamos vieram da Internet. Foram meses vasculhando o Google Earth, uma das mais preciosas ferramentas que utilizamos para obter informações antes da realização de qualquer expedição. Por meio desse software, visualizamos fotos, buscamos rotas, calculamos distâncias e tempo de viagem, observamos condições das estradas, altitude e tudo o que você possa imaginar sobre os locais que almejamos conhecer. Além dessa ferramenta, outros sites foram visitados, onde conseguimos valiosas informações a partir de registros de aventureiros que anteriormente visitaram a região. A ideia de publicar futuramente um “diário de bordo” é compartilhar os detalhes de nossa viagem, de modo que nós também possamos auxiliar outros aventureiros que um dia queiram conhecer aquele belíssimo local.

Por questões econômicas, escolhemos uma viagem de avião até La Paz, na Bolívia. Pernoitamos no centro da capital boliviana e no dia seguinte, antes do sol nascer, pegamos um ônibus até Arica, atravessando o altiplano boliviano em uma viagem rodoviária que durou mais de doze horas. O altiplano boliviano é uma região extremamente árida, situada à cerca de 3.000 metros de altitude. O ônibus não faz nenhuma parada, exceto na fronteira Bolívia-Chile. É servido um café bem simples durante a viagem.

A altitude, o calor e tempo de travessia podem judiar de quem não estiver bem disposto. Essas situações só podem ser ignoradas quando você curte a viagem, admirando os detalhes de uma região que oferece um visual completamente diferente do que estamos acostumados a vislumbrar no Brasil, a exemplo do belo vulcão Sajma, localizado pouco antes da fronteira e que rompe os céus atingindo mais de 6.000 metros de altitude.

No primeiro dia em Arica, dedicamos a parte da manhã para remar nas águas do Oceano Pacífico, coisa que gostaríamos de ter realizado já no ano anterior, na Expedição Cordilheira dos Andes. Logo no início do passeio, encontramos um grupo de remadores chilenos. Decidimos nos aproximar para conhecê-los e obter informações que pudessem colaborar com nosso projeto: remar no lago Chungará, a 4.500 metros de altitude. As informações obtidas não foram exatamente aquelas que esperávamos: eles já tinham tentado o que queríamos fazer e não conseguiram. O acesso é proibido, visto que o lago se encontra em uma área de Reserva Nacional. Trocamos algumas duplas para um “intercâmbio” esportivo: chileno com brasileiro, brasileiro com chileno, e vamos curtir o visual.

Durante a remada, eles nos informaram da presença de tartarugas, leões marinhos e até golfinhos naquele espaço. Os leões marinhos não foram avistados, somente mais tarde, perto do porto, onde eles esperam ansiosamente os restos de peixe trazidos por barcos pescadores. Não avistamos muitas tartarugas naquele momento, somente ao final do dia, na segunda etapa de remo (pós-almoço): percebemos que elas preferem o entardecer. Ao fim do dia, a água estava infestada delas, que subiam à flor d’água por todos os lados, e dava “medo” de atropelar alguma distraída. Quanto aos golfinhos, a emoção perdura até hoje: estávamos no final do passeio matinal, afastados do grupo, quando um golfinho salta a cerca de 50 metros do caiaque onde eu e o Rodrigo estávamos. Uma emoção muito grande tomou conta de nós, ao lado do desespero em pegar a máquina para registrar aquele belo animal. Não conseguimos a foto, mas em um trecho de vídeo conseguimos registrá-lo com o dorso fora da água.

Nesse mesmo dia, remando no Oceano Pacífico, destinamos o horário de almoço para conversarmos com um guia, que havia sido indicado pela gerente do hotel onde estávamos hospedados. Combinamos os passeios para o dia seguinte, cujos destinos eram um salar (deserto de sal) e mais um local que revelaremos em outro momento, quando publicarmos o diário de bordo. O segundo dia estava destinado para nossa meta principal: remar no lago Chungará.

A princípio, nosso guia Benjamin não estava disposto a levar-nos para remar em Chungará. O motivo nós já sabíamos: a proibição de entrar naquele lago! O que ele não sabia é que, com ou sem a sua ajuda, nós iríamos até lá. Até porque, no dia em que chegamos ao Chile, o ônibus passou em frente à Chungará e já sabíamos o caminho. Além disso, já havíamos decidido as nossas possibilidades em reunião no dia anterior: levar ou não um guia e correr ou não os riscos envolvidos. A decisão da equipe foi unânime: levaríamos a ideia adiante! Nunca desistimos de nossos projetos.

Benjamin acabou indo conosco. É claro que ele estava um pouco desconfortável e tentou se “camuflar”, pois não queria ser reconhecido naquele acesso “desautorizado”. Antes da chegada ao lago, levou-nos a conhecer o famoso chá de coca. Na viagem de volta, visitamos um local de banhos térmicos que foi completamente relaxante, depois de toda a tensão envolvendo nossa empreitada. Além de boa companhia, orientação e bom papo, nosso guia também atuou no registro de excelentes imagens em sua máquina, que trouxemos para enriquecer e manter vivas as memórias de uma expedição inesquecível.

Após o sucesso de remarmos em um local deslumbrante, seguimos viagem e tiramos os dias restantes para descansar. Imprevistos acontecem, e houve situações que nos deixaram muito mais tensos do que estar em Chungará… Mas essas histórias, assim como outros detalhes das passagens já citadas, ficarão para um próximo momento, com a publicação do diário de bordo. Acompanhe! Acreditamos que esses detalhes possam te ajudar em suas expedições, assim como os relatos de outros expedicionários nos ajudam a realizar os nossos projetos… Até o próximo capítulo!

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