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Expedições

“Sobe-e-desce” (barrados na entrada)

Bertioga, SP – Rio Itapanhaú

No segundo semestre de 2012, foram realizadas três expedições bem sucedidas nesse mesmo rio. Em 2013, a primeira descida (que não se tornou apenas "descida"), ocorreu com o Alexandre, o Robsom e a sua namorada Cleide.

Primeiro vamos entender o porquê de não ter sido apenas uma descida! Sempre iniciamos essa trajetória no ponto mais alto do rio, bem ao pé da serra. De lá, descemos quase 5 quilômetros de rio até uma base de captação de água, onde finalizamos a expedição que chamamos “Alto Itapanhaú”. As águas desse rio ainda descem por mais 30 quilômetros navegáveis até o mar, conforme pode ser conferido na expedição de exploração do rio Itapanhaú, realizada em 21 de dezembro de 2008. O acesso à parte alta do rio se dá por uma fazenda, outrora ocupada, e que agora apresenta em seu interior uma placa indicando ser uma Reserva Legal, vinculada a um processo da CETESB, denominada de “área de compensação do loteamento Guaratuba II”.

Agora, os fatos do dia em que fomos “barrados na entrada”: ao chegar ao portão de acesso, um funcionário orientou-nos a não entrar com os equipamentos, pois alguém que se intitulava “proprietário” estava no local e não permitiria nosso acesso ao rio. Como a ideia de reunir amigos passa longe de atritos, vamos na direção oposta a qualquer conflito e assim resolvemos mudar imediatamente o ponto de acesso. Decidimos ir até o ponto final (base de captação de água) e de lá subir o rio até o ponto mais belo e raso, onde grandes rochas saltam e contrastam com a paisagem verde da mata atlântica.

A subida foi difícil, e a correnteza forte daquele dia ofereceu mais um aprendizado: as adversidades da mãe natureza podem alterar significativamente os planos. Sempre pegamos uma correnteza razoável e águas cristalinas, mas as chuvas de verão dos dias anteriores aumentaram demais o volume da água, que por consequência não estava mais cristalina e sim barrenta. Assim, força nos braços, e sem amolecer! A cada relaxada nos braços, o caiaque voltava muitos metros para trás, obrigando o grupo a fazer as paradas em terra firme, a fim de evitar perder os trechos já percorridos.

Em uma dessas paradas, uma revoada de borboletas mais uma vez saudou o grupo. Durante a subida, cruzamos com um barco motorizado descendo, para o qual demos um simples aceno, nos perguntando… “quem seriam eles?” Depois, chegando ao ponto das grandes rochas, uma parada para fotografar o local, descansar um pouco e fazer um piquenique. Após um bom tempo de descanso, o retorno. Agora tudo seria mais fácil, pois bastaria largar os caiaques na forte correnteza, que logo estaríamos de volta aos carros.

Outro parágrafo, outro destaque: na volta, uma situação desconfortante. Estávamos descendo tranquilamente, até que encontramos parados, com suas varinhas pescando, os mesmos que cruzaram conosco em um barco, horas atrás. Inocentemente, em uma tentativa simples de fazer contato/amizade, paramos para perguntar como estava a pescaria. Para nossa surpresa, ao invés de uma postura amistosa, ouvimos de um deles, que estava no barco, a seguinte pergunta: “como chegaram aqui?”. Ainda inocentemente, e sinceramente, informamos ao distinto senhor como havíamos chegado até ali. Para nossa surpresa, outro questionamento nada amigável: “não podem ficar aqui; é propriedade particular!”. Respondemos que havia pessoas que sabiam da nossa presença ali, pessoas essas que permitiram nosso acesso ao rio. Não é postura de nenhum membro da RA Canoagem invadir propriedades inconsequentemente. Mas como a outra parte não estava disposta ao diálogo, nossa fala foi em vão. Deixamos para lá e seguimos. Sabemos do que realizamos e de nossa consciência no desfrute do meio ambiente. Não apenas evitamos a degradação do meio ambiente e coletamos nossos próprios resíduos, como muitas vezes colaboramos coletando o lixo de outros que encontramos pelo caminho.

O que mais incomoda, no entanto, é deparar-se com pessoas que, infelizmente, se consideram mais importantes do que outras. Com que direito pensam “possuir” os recursos naturais com que somos presenteados pela mãe natureza? Sabemos do direito à propriedade e do direito à exploração dos recursos naturais. Mas será que agora existe alguma lei que ampare a propriedade dos recursos hídricos? Alguém neste mundo é dono dos reservatórios e cursos de água, ainda que cruzem seus terrenos? Bom: todas essas indagações ficam apenas para reflexões. Sabemos da importância da água em nossas vidas, e de que ela será um bem de extrema riqueza no futuro, principalmente considerando-se as projeções baseadas no consumo inconsequente que há nos dias atuais. Alguns especulam que ela valerá mais do que o petróleo, mas são apenas especulações…

Para a RA Canoagem, ao final deste passeio, ficou claro que, independente das adversidades, continuaremos com nossos passeios e nossas expedições, sempre de maneira consciente, procurando utilizar o meio ambiente de maneira adequada (como está claro no texto que descreve a nossa equipe). E aqueles que se opuserem à forma como interagimos com o meio ambiente, que nos provem que estamos equivocados. Caso contrário, cuidem de suas próprias vidas, pois continuaremos fazendo o que sempre fizemos…

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