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Expedições

Exploração do Rio Branco (30 km)

Itanhaém, SP – Rio Branco

O Cenário

O Rio Branco não poderia ter um nome mais adequado. Suas águas estão entre as mais cristalinas dos rios que percorrem o estado de São Paulo, lembrando o que pode ser apreciado em Bonito-MS. Durante o passeio, é possível avistar os peixes nadando sob o caiaque. O rio corre por um vale formado entre duas cadeias de montanhas: de um lado a Serra do Camburi, que se eleva em direção ao planalto, e de outro, as serras do Bariguí e do Guaperuvu. Ao final desse vale, uma reserva indígena abriga uma aldeia de índios Tupi-guaranis. Entre a aldeia e as obras de captação de água da SABESP, são aproximadamente 30 km de rio, com trechos de Mata Atlântica intacta e também um extenso bananal, que infelizmente, em alguns momentos, chega muito próximo às águas, ocasionando o desbarrancamento nas margens e o assoreamento do rio. Montanhas cobertas pela vegetação intacta da Mata Atlântica, águas cristalinas, peixes e aves encontrados pelo caminho tornam este um dos mais belos cenários já visitados pela galera da RA Canoagem.

Os desafios

Geralmente, para chegar a lugares de natureza exuberante e intacta, muitos desafios são encontrados pelo caminho, o que leva muitas pessoas a desistir durante ou até mesmo antes de iniciar a trajetória. Mas como a galera da RA é bem diferente, principalmente quando o assunto é desbravar novas águas, vamos deixar isso de lado.

Começando pelo acesso: saindo da rodovia, são aproximadamente 12 km de asfalto, para depois iniciar uma trajetória de quase 15 km em estrada não pavimentada. Essa estrada passa por trechos de terra e areia, com muitos buracos que levam a uma redução significativa da velocidade, finalizando em um trecho pedregoso próximo ao vilarejo indígena. Muitos não arriscam levar seus veículos a lugares como esse, onde um veículo mais robusto como um jipe seria mais recomendado. Não há estrutura para turismo: nada de lanchonetes, banheiros ou coisa parecida. Pelo caminho encontram-se poucas casas esparsas (algumas parecendo abandonadas. O último reduto foi o bar do Zé Pretinho, antes da estrada de terra, que não ofereceu nada além de bebidas. Além da falta de estrutura, havia a proximidade com a aldeia indígena, da qual não tínhamos noção do nível de hospitalidade ou hostilidade. Foram fatores que provocaram certa apreensão até o momento de chegada às margens do rio. A localização de um ponto de acesso ao rio também era algo desconhecido, pois nas pesquisas realizadas pela Internet, a única informação obtida era a de que o rio, em determinados trechos, se aproximava da estrada. Na prática, vários pontos de acesso se mostraram pouco acessíveis, pois barrancos com cerca de 10 metros de altura não são locais interessantes para iniciar uma remada. Aqui não vamos colocar os 30 km de águas e os obstáculos de rio como um desafio, pois é exatamente isso que a galera da RA foi buscar no local.

A descida pelas águas do Rio Branco

Após procurar vários pontos de acesso ao rio, encontramos um transeunte que nos deu a informação de que pouco antes da aldeia indígena encontraríamos uma chácara, com moradores que viviam próximos à margem, e que de lá provavelmente seria possível chegar ao rio. Lá a empreitada foi iniciada. Após horas de viagem, finalmente a água! E a primeira visão do rio não poderia ser melhor: densa vegetaçãoMata Atlântica intacta) cortada por um rio de águas cristalinas! Era possível enxergar a areia, os troncos e tudo que havia no leito do rio. Por volta de onze horas a descida foi iniciada, e a única certeza do grupo era de que a trajetória seria longa. Estavam estimados aproximadamente 30 km de águas até o ponto onde a equipe de apoioBruna e Jardim) estaria aguardando.

Com pouco mais de uma hora de travessia, o grupo já havia vencido pequenas corredeiras, passado por muitos troncos e árvores inteiras derrubadas dentro do rio. Isso tornou o passeio uma verdadeira corrida com obstáculos, o que deu um tom mais desafiador à expedição. Até pedaços de trilhos de uma antiga ferrovia foram encontrados. Anos atrás, as bananas colhidas na região eram retiradas por meio de trens, hoje desativados.

Ao longo da travessia, muitas praias de areia formadas nas curvas do rio. Elas são pontos excelentes para os piqueniques, evento repetido diversas vezes em uma expedição que durou cerca de 6 horas e meia. Nessas “prainhas”, muitos vestígios da presença animal, entre eles fezes e pegadas de pequenos mamíferos (roedores e até pequenos felinos.

Durante os últimos quilômetros, um imprevisto atrasa o grupo: uma infiltração no caiaque do Almir provoca muitas paradas para que seja retirada água do seu interior. Nas corredeiras, com o caiaque afundado de tanta água dentro, o desequilíbrio gera o inevitável: Almir é batizado com o seu primeiro tombo na água.

Árvores inteiras caídas formavam diversas barreiras, sendo que algumas delas atravessavam o rio de margem a margem, obrigando o grupo a descer dos caiaques e realizar uma passagem mais segura. Poços de grandes profundidades convidavam a um banho refrescante e um mergulho. Pena não termos levado snorkel e máscara de mergulho, pois ninguém imaginou que a água seria tão cristalina a ponto de enxergar, durante a remada, diversos peixes nadando por baixo dos caiaques. Eram muitos cardumes, e esse foi um ponto marcante dessa viagem. Realmente, em expedições de reconhecimento como esta, sempre fica um gostinho de “quero mais”, pois gasta-se muito tempo investigando o local, para que depois, em um segundo momento, seja pensado em como usufruir melhor daquela natureza exuberante.

Em aproximadamente 6 horas e meia, foram quase 30 quilômetros desbravados por Alexandre, Almir, Marcelo e Robsom. Um agradecimento especial a Bruna e ao Jardim, que se dedicaram a levar os carros do ponto inicial até o ponto final da trajetória. Sem eles para nos buscar no final da expedição, seria impossível planejar uma empreitada como essa, que sem dúvida foi um dos pontos marcantes na história da RA Canoagem neste ano. Ainda falando da equipe de apoio, vale ressaltar que as dificuldades ficam para todos, até para aqueles que aguardam a chegada dos remadores. Além da expectativa gerada pela falta de comunicação com o grupocelular não funciona por lá), surgem outros imprevistos, como exemplo a falta de alimentação. Na ansiedade e correria para entrar na água e remar, pois já era quase meio-dia e a travessia seria longa, os remadores pegaram toda a alimentação e esqueceram de separar a parte da equipe de apoio. Bruna e Jardim ficaram com uma garrafinha de água (500 ml) e dois lanches que estavam “perdidos” no carro. O bar do Zé Pretinho, ponto de encontro final, não oferecia nada além de bebidas alcoólicas. Eles precisaram racionar aqueles dois lanches a pouca água naquele calor imenso até a hora de seguir rumo à estrada, mostrando que, em um passeio exploratório, a aventura atinge não apenas aqueles que remam, mas todos que de alguma forma estão envolvidos.

Os imprevistos e a adaptação às necessidades

Vale ressaltar outro imprevisto: a estrada não pavimentada, que leva à aldeia e margeia o rioaproximadamente 15 km), oferecia péssimas condições: muitos buracos e trechos pedregosos, o que tornou esse pequeno trajeto uma viagem de cerca de uma hora. Contando com apenas um motorista habilitadoJardim), a equipe previa que ele, após os remadores caírem na água, fosse com a Bruna, em um carro só (foram dois veículos usados na expedição), do ponto de partida até o local de término da expediçãoobras da barragem da Sabesp, próximo ao bar do Zé Pretinho. Lá ele aguardaria a chegada de um remador habilitado, que seria levado até o ponto inicial da expedição, para buscarem o outro veículo deixado para trás. Esse vai e vem na busca do outro veículo aumentaria em mais de duas horas o tempo ao final da expedição. Sabendo que estavam entrando na água no meio do dia e a previsão era de chegada ao anoitecer, isso faria com que alguns remadores ficassem essas duas horas na margem, sendo devorados por mosquitos na noite que adentraria, aguardando os dois veículos para buscar as pessoas e os equipamentos. Sabendo disso, e ainda que o Jardim tinha o aniversário de sua filha esperando em São Paulo, não sobrou outra alternativa: a Bruna teria que levar o outro carro.

No Palio do Alexandre, foram poucas as instruções de volante nos arredores de onde ela morava (não passava da 2ª marcha em trechos planos. Mesmo assim, sobrou para ela levar o Palio até o ponto final sozinha, enquanto o Jardim levaria o Celta do Robsom. O detalhe é que o Palio precisava puxar a carreta em uma estrada estreita e cheia de barrancos, coisa que mesmo alguns habilitados preferem deixar de lado. Mas era apenas com aquele carro que ela estava acostumada, então era a única alternativa. Ela assumiu e concretizou a tarefa com sucesso, motivo de orgulho pela realização e pelo auxílio essencial prestado. Imprevistos como esses e outros mostram, como dito antes, que expedições de exploração podem se tornar uma grande aventura para todos os participantes, e não apenas para aqueles que estão na água.

Capacidade de adaptação, improviso e jogo de cintura para lidar com a adversidade são essenciais para se envolver em uma viagem como essa. Essas características sempre estiveram presentes no espírito e nas viagens da RA Canoagem, e com certeza estarão em outras futuras. O Rio Branco com certeza será visitado novamente, pois o grupo saiu daquele lugar paradisíaco com um gostinho de “quero mais”, ansiando pela próxima visita, ou por outro local onde possa encontrar aquela natureza exuberante.

Mais uma vez, um agradecimento aos colaboradores e incentivadores. E aqui fica o convite para que você venha fazer parte da próxima aventura.

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